Pular para o conteúdo principal

Economia Fracionada: 4 fatores que impulsionam este movimento

Startupi

Economia Fracionada: 4 fatores que impulsionam este movimento

* Por Karina Rehavia

Antes de falar sobre a Economia Fracionada, quero relatar aqui, que quando era criança, lembro de conviver com muitos adultos que consideravam que um “bom emprego” era sinônimo de estabilidade, poucos desafios e a expectativa de uma vida confortável. “Fazer carreira” em um banco ou no serviço público foi o sonho de várias gerações, mas esse mindset vem sendo chacoalhado nos últimos anos.

Em um mundo cada vez mais complexo, empresas de todos os setores precisam lidar com o desafio de manter a competitividade mesmo com inovações surgindo constantemente. E esse desafio transborda para os colaboradores e colaboradoras das empresas, que em muitos casos abandonaram a ideia de construir carreira em um único lugar e, com uma frequência cada vez maior, criam projetos de vida fluidos. Para essas pessoas, vale mais a pena fazer uma atividade interessante e desafiadora do que “se prender” a uma empresa.

Nos Estados Unidos vem acontecendo, desde 2020, um movimento intenso de abandono dos modelos tradicionais de trabalho. Apenas no ano passado, 48 milhões de pessoas pediram demissão (uma média de 4 milhões de pessoas por mês), grande parte sem ter outra posição em vista.

Isso representa uma mudança radical na maneira como as pessoas enxergam a si mesmas na estrutura de trabalho: não mais como profissionais de mercado que procuram uma posição, e sim como empreendedores dispostos a buscar uma equação que equilibre vida pessoal e profissional.

Mudanças no mercado de trabalho, problema ou solução?

É possível encarar essa mudança do mercado de trabalho como um problema – ou como uma solução. Se por um lado é cada vez mais difícil manter times coesos por muito tempo, por outro é cada vez mais possível acelerar a inovação nas empresas.

Em um passado não muito distante, o máximo de flexibilidade que as empresas tinham era a contratação de consultores. Hoje é possível montar equipes altamente qualificadas para projetos específicos, envolvendo freelancers, especialistas, consultores e o time fixo da empresa.

Essa é uma possibilidade trazida pela Economia Fracionada, que possibilita novas oportunidades de formatação de equipes em uma arquitetura em rede. Em vez de arquiteturas verticais, são modelos flexíveis que permitem aos negócios se adaptar rapidamente às necessidades do momento.

4 Fatores que impulsionam a Economia Fracionada

Um relatório da Deloitte publicado em 2013 já apontava o Open Talent (framework de relações de trabalho mais abertas e flexíveis que é a base do conceito de Economia Fracionada) como uma grande tendência para 2020. Claro que eles não esperavam que a pandemia acelerasse esse processo, mas, há uma década, a consultoria já via 4 grandes fatores impulsionando esse movimento:

1 – Globalização: o surgimento de um mercado global de talentos em muitas áreas (TI é um ótimo exemplo disso) gera novas formas de aquisição, desenvolvimento e gestão de talentos nas empresas.

2- Tecnologia: a ampla disponibilidade de videoconferências e chamadas em áudio via internet, o crescimento da velocidade de computação e o cloud computing fazem com que o trabalho colaborativo possa acontecer em qualquer lugar do mundo. E, com os avanços tecnológicos, recursos de comunicação em tempo real se tornam cada vez mais acessíveis.

3 – Mobilidade: a mobilidade tecnológica e social faz com que os talentos não precisem mais estar no mesmo lugar das empresas. Nossa organização de trabalho vem da Revolução Industrial, quando as pessoas precisavam obrigatoriamente ir até as fábricas. Hoje, em um número crescente de atividades isso não é mais necessário.

4- Negócios sociais: o Open Talent é, acima de tudo, um movimento humano, em que pessoas se conectam de novas maneiras e buscam dinâmicas diferentes de trabalho.

A principal consequência desses fatores é a flexibilização do trabalho, que se torna, efetivamente, “as a Service”. Falei sobre esse tema recentemente em uma entrevista para a Fast Company Brasil – vale a leitura!

Essa nova realidade vale para quase todo segmento do mercado – e para qualquer posição na hierarquia do negócio. Segundo pesquisa feita pela Harvard Business School, 60% dos executivos c-level entrevistados disseram que vão, cada vez mais, preferir compartilhar talentos com outras empresas – seja para reduzir custos, seja para aumentar a “polinização” do negócio com novas ideias.

Parcerias em vez de contratações

Na Economia Fracionada, as relações de trabalho mudam completamente. Cada profissional se torna um empreendedor, desenvolvendo sua rede de clientes em qualquer lugar do mundo, seja em atividades pontuais, seja em situações estáveis e de longo prazo.

Essa é uma forma viável e prática de acessar talentos que, de outra forma, talvez fossem inalcançáveis. Bill Joy, cofundador da Sun Microsystems, disse certa vez que “não importa onde você esteja, os melhores profissionais sempre vão trabalhar para outra empresa”. Na Economia Fracionada, a empresa passa a acessar um pool de talentos, para projetos pontuais ou recorrentes.

Nestes tempos em que nos preocupamos tanto com a melhor maneira de utilizar os recursos naturais, também é hora de pensarmos em como utilizar melhor os recursos humanos. Por que ter na equipe pessoas que não serão utilizadas o tempo todo? Por que subutilizar esses talentos? Se as pessoas querem aproveitar melhor seu tempo, é natural que as empresas busquem maneiras de otimizar o tempo delas mesmas e dos profissionais.

Na Economia Fracionada, as empresas ganham uma possibilidade adicional de acesso aos talentos. Certamente, essa possibilidade gera situações interessantes: assim como um conselheiro de administração pode atuar em várias empresas a partir de sua expertise, um CEO pode gerenciar mais de um negócio ao mesmo tempo. Para algumas empresas, certamente essa é uma possibilidade tentadora.

A Economia Fracionada é, acima de tudo, um caminho adicional. Nenhuma empresa estará 100% nesse modelo, e nem é esse o objetivo. O mais importante é ganhar flexibilidade para lidar com as inovações do mercado e reagir rapidamente às transformações. Veremos esse movimento avançar muito nos próximos anos, especialmente a partir de atividades que detêm um conhecimento muito específico e, hoje, não adaptável à estrutura convencional de um negócio.

Minha sugestão para as empresas é apostar na experimentação, com demandas pontuais, em projetos específicos. E, aos poucos, ampliar a implementação deste modelo para toda competência que não necessite de presença 24/7 no negócio. Muitas empresas perceberão que é possível ter uma estrutura muito mais flexível, leve e adaptável.

* Karina Rehavia é CEO e fundadora da Ollo

O post Economia Fracionada: 4 fatores que impulsionam este movimento aparece primeiro em Startupi e foi escrito por Convidado Especial



Continue Lendo: Startupi / https://startupi.com.br/economia-fracionada/

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Banco digital fundado por Carlinhos Maia permite que pessoas sejam sócias por R$ 10

Startupi Banco digital fundado por Carlinhos Maia permite que pessoas sejam sócias por R$ 10 Desde 15 dezembro de 2022, qualquer pessoa com R$ 10 pode se tornar dona de um digital bank e ser sócia do comunicador Carlinhos Maia. O Girabank , criado este ano pelo influenciador e empresário, abrirá “cotas” para sócios em uma captação pública na plataforma DIVI•hub. A meta é levantar R$ 10 milhões no banco digital e acelerar a criação e melhoria dos produtos financeiros oferecidos pela instituição. Todo o processo será realizado pela DIVI•hub, app de investimentos focado na negociação de ativos compartilhados e homologado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A Raketo Venture Market foi a responsável pela seleção desta oportunidade de investimento. “Nossa missão é ajudar startups e investidores a evoluírem juntos. Confiamos muito no potencial do Girabank”, afirma Fred Santoro, CEO da RAKETO . A captação funcionará no modelo equity, cedendo 2,55% dos lucros apurados para os novos

Logística verde: como reduzir impactos ambientais na sua operação?

Startupi Logística verde: como reduzir impactos ambientais na sua operação? * Por Caio Reina A sustentabilidade tem sido um tema cada vez mais discutida, especialmente à medida que os impactos das atividades humanas são sentidos na natureza e na qualidade de vida das pessoas. Para as empresas, a implementação de práticas mais sustentáveis está se tornando prioridade, já que as marcas que são percebidas como conscientes do ponto de vista ambiental e social tendem a ter uma reputação melhor entre os consumidores e a sociedade, o que pode resultar em maior fidelidade do cliente e em um melhor posicionamento de mercado. Dessa forma, a logística verde tem ganhado mais espaço. O termo se refere ao grupo de políticas e medidas destinadas a reduzir o impacto ambiental causado pelo setor logístico em geral. É um tema de extrema relevância para o progresso do setor.  Pensando nisso, separei algumas dicas de como garantir uma logística mais sustentável e, ao mesmo tempo, eficiente para as

78% das empresas B2B usam ferramentas digitais, afirma estudo

Startupi 78% das empresas B2B usam ferramentas digitais, afirma estudo 78% das empresas B2B utilizam soluções digitais dentro da sua rotina operacional em 2023. Tal número representa um crescimento de 5% em comparação com o resultado obtido na primeira edição da pesquisa idealizada pela Ploomes , em parceria com a Opinion Box , realizada no ano anterior. A pesquisa contou com a participação de 638 profissionais de companhias brasileiras B2B, de diferentes segmentos de atuação. Acesse aqui e responda ao Censo Investidores 2023! Queremos ouvir você! O levantamento indicou ainda que 75% das corporações do país se tornaram mais digitais em 2023, ano que marca de forma definitiva o fim da pandemia. O índice é 7% superior ao de 2022. De acordo com Matheus Pagani, CEO e cofundador da Ploomes , os números apresentados pela nova edição do estudo confirmam que o movimento de digitalização corporativa realmente se consolidou. “O que o mercado viveu entre 2020 e 2022 foi um período de enorme