Nessa altura do início de 2018 e com o Ibovespa acumulando alta de quase 15% e sucessivos recordes históricos, os investidores podem estar questionando até onde os mercados de risco terão força para prosseguir. Na nossa visão, ainda há espaço para ganhar novos patamares, antes que seja arriscado seguir ampliando exposição.
Nossa tese é que o cenário econômico global de recuperação respalda a elevação do preço dos ativos em todo o mundo, com poucas chances de sustos, exceto aquelas intrínsecas aos próprios mercados, nos moldes do ocorrido um pouco antes do Carnaval, quando tivemos perdas acentuadas nos mercados em curto período de tempo, todas já praticamente repostas.
Vamos nos basear nem declarações de formadores de opinião para exemplificar o bom momento vivido pelos mercados em todo o mundo. Começando pela maior economia do planeta, os EUA, o governo declara que pode crescer em 2018 acima de 3,0% e que algo semelhante deve perdurar até 2020.
O novo presidente do FED e o futuro
Agora mesmo, em declaração no Congresso americano, o novo presidente do FED (Jerome Powell) ressaltou o crescimento forte, riscos de curto prazo equilibrados e aumentos graduais de juros, buscando o equilíbrio e evitando superaquecimento da economia.
Tanto o governo americano como vários dirigentes regionais do FED assumem que os cortes de tributos vão melhorar a produtividade. Isso impacta diretamente na melhora de preços relativos dos ativos e permite que empresas elevem distribuição de benefícios aos acionistas.
Crescimento da China
Continuando nossa volta ao redor do mundo, a China projeta crescer acima de 6,5%, mesmo com o governo ajustando algumas variáveis e priorizando um pouco o social. O presidente Xi Jinping segue sendo o ”todo poderoso” e em algum nível comparado com Mao Tse-tung (o grande líder), e com o Congresso Nacional do Povo em vias de aprovar na reunião da semana, o fim da limitação de reeleição. Com isso, o presidente poderá governar por mais tempo e até depois de 2023, ajustando a economia e mantendo crescimento ainda acelerado.
No mesmo patamar, podemos colocar a Índia que espera crescer no ano fiscal que começa agora em março algo com 7,0% ou 7,5%, aproveitando para ordenar melhor a economia. O Japão comemora o que parece ser sua saída histórica de processo deflacionário, voltando a crescer. No país, temos estabilidade no comando com Shinzo Abe que está um pouco mais fortalecido. Além da permanência de Kuroda na condução da política monetária e busca por inflação na direção de 2,0%. Destacamos ainda o modelo exportador revigorado que acumula 14 meses de expansão das exportações.
A zona do Euro
Indo para a zona do euro, todos os discursos de dirigentes reforçam a recuperação econômica e com inflação abaixo da meta. Mario Draghi do BCE (BC Europeu) e Weidman do Bundesbank alemão, indicam que não é só a Alemanha que está puxando o crescimento da região, apesar das discrepâncias entre vários dos membros. O próprio banco central tem consistentemente elevado suas projeções de crescimento do PIB.
Se algum curto-circuito pode ocorrer na Europa, o foco está na Itália e Reino Unido. O primeiro terá eleições agora nos primeiros dias de março, mas o partido cinco estrelas já mudou seu discurso (suavizou) quanto a deixar a União Europeia. Com o Brexit, em que pese duras discussões, já é possível vislumbrar menos radicalização e até a união tarifária pós-Brexit já está no radar.
O Brasil complicado
Mesmo o Brasil complicado em seus três poderes e desequilibrado nos fundamentos vai conseguir crescer o PIB próximo de 3,0% em 2018. Com empresas já ajustadas e mercado internacional mais ativo, será possível surfar nessa onda mais favorável, com ganhos de produtividade, maior lucratividade e ampliação de distribuição de benefícios aos acionistas. Tudo isso em ambiente de inflação baixa, juros ainda cadentes, investidores institucionais e gestores com baixa exposição ao risco e ampliado propensão ao risco nesse início de ano. Isso é garantia de fluxo perene de recursos para o mercado e ainda sem correspondente oferta de novas ações.
Certamente vamos ter a volatilidade presente, pois estamos tratando de investimentos de risco. Porém, para aqueles que visam retornos de mais longo prazo em seus investimentos, o momento parece positivo para aquisições de renda variável com forte conteúdo fundamentalista.
Apesar de tudo lembramos de Pablo Neruda “Você é livre para fazer suas escolhas, mas é prisioneiro das consequências”.
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Este artigo foi escrito por Alvaro Bandeira.
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Fonte: Dinheirama
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