* Por Diogo Catão
Segundo pesquisa do BrazilLAB, existem ao menos 135 startups que podem ser enquadradas como govtechs nos critérios do estudo; 80 delas são consideradas mais relevantes porque já estão inseridas em algum governo ou se mantêm desenvolvendo trabalhos em determinado órgão de maneira recorrente.
Com esse movimento, percebemos uma tendência na descentralização da governança nas instituições públicas. Essa ação se revelará ainda mais com a participação ativa de startups, instituições e demais setores nas tomadas de decisões. Não à toa, um estudo da ABStartups mostrou que, das 13 mil startups estimadas no ecossistema brasileiro, quando questionadas sobre o público-alvo que buscam alcançar, 31 se denominam como empresas B2G/B2Gov e 9 sinalizam interesse em trabalhar com o governo.
Para os investidores, o desenvolvimento e progresso dessas empresas se refletem tanto no retorno econômico, com a geração de impacto social, como também no retorno do investimento financeiro, com potencial de alcançar faturamentos elevados. Isso faz com que esses players continuem investindo e fomentando novas ideias, gerando um ciclo virtuoso.
Em médio prazo, as govtechs que já possuem soluções desenvolvidas, podem aplicá-las visando o benefício da população de um município, ou de qualquer outro órgão público. Essas startups devem promover serviços essenciais, melhorando a qualidade de vida, o bem-estar e/ou a saúde da sociedade.
Sob o ponto de vista de quem empreende e cria uma govtech, encontram-se diversas oportunidades no segmento, ao passo que se constatar obstruções, pode enfrentá-las criando um campo de novas metodologias e oportunidades. Consequentemente, essas ações irão gerar mais oportunidades de negócios para impactar o setor público e a população.
Para quem tem interesse na criação de uma govtech, deve-se levar em consideração os mesmos passos para desenvolver qualquer empresa. Mas ressalto aqui três dicas importantes:
1 – A percepção dos problemas e a identificação de qual tecnologia pode colaborar para uma solução. A diferença é que essa percepção deve ser direcionada à esfera pública (municipal, estadual ou federal);
2 – Estar presente nos desafios que são lançados constantemente pelo próprio poder público. Assim, é possível conseguir as primeiras validações da solução, como também apurar se aquilo que o founder pensou, de fato, é relevante e tem capacidade de gerar valor para o setor e a sociedade;
3 – Por fim, é importante se conectar com parceiros estratégicos do próprio segmento, como incubadoras, govtechs, venture builders ou aceleradoras que atuam no desenvolvimento do mercado. Em conjunto com esses parceiros, a nova govtech pode replicar a solução em outros municípios ou estados para se desenvolver, crescer e escalar.
Criar uma govtech envolve uma vantagem principal: o mercado em expansão à frente, com muito a ser explorado e recursos financeiros. Entretanto, para uma startup desse segmento se tornar relevante, é necessário validar se o problema encontrado é compartilhado por diversos municípios e/ou estados. Ou seja, é preciso constatar que a sua solução é replicável em diversos cenários.
Por fim, meu principal conselho para quem deseja ingressar nesse ecossistema: não tenha medo de inovar. O setor govtech é um mercado em ascensão que precisa de novas soluções. As esferas públicas demandam soluções tecnológicas, mas principalmente, a sociedade necessita de agentes transformadores que promovam bem-estar, serviços de qualidade e afastem a burocracia do caminho.
Diogo Catão é CEO da Dome Ventures, Corporate Venture Builder focada em Startups Govtech, lançada em Setembro de 2021 e já com grande captação de recursos financeiros em duas rodadas, com 26 investidores.
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