Já imaginou viver em uma realidade em que é possível viver de forma sã e plena até os últimos dias da vida, sem nenhum tipo de doença incapacitante? Esse é o futuro que Mayana Zatz, bióloga molecular e geneticista, está buscando criar.
Prestes a completar 75 anos, a israelense naturalizada brasileira trabalha em uma série de áreas atualmente. Entre algumas dessas áreas, Mayana é professora de genética, coordenadora do CEPID (Centro de Pesquisas sobre o Genoma Humano) e está no board de duas startups brasileiras de biotecnologia.
Os esforços de Mayana, considerada uma das principais cientistas do Brasil, são para fomentar o cenário de Pesquisa e Desenvolvimento no Brasil, que ela vê como “muito ruim” atualmente. “Falta investimento no Brasil. O investimento em ciência é extremamente importante para termos novas tecnologias e avançar como país”, diz Mayana.
Ela cita a pandemia de covid-19 como exemplo da importância dos investimentos em P&D. “No começo de 2020 ninguém acreditava que seria possível desenvolver uma vacina em tão pouco tempo. Isso só foi possível porque houve um investimento maciço no mundo de desenvolvimento de tecnologia para criar essa vacina. É preciso acreditar em pesquisa básica, não só em pesquisa tecnológica, é isso que está faltando no Brasil.”
Mentoria e coordenação de Mayana Zatz
Uma das startups apoiadas por Mayana é a XenoBrasil. As pesquisas e tecnologia da startup permitirão que, em breve, pacientes possam ser submetidos a transplantes de órgãos suínos. Para ajudar a reduzir a fila de pessoas que esperam por órgãos, o governo de São Paulo anunciou o investimento de R$ 50 milhões no estudo sobre xenotransplantes, em uma parceria entre o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) e a startup.
Outra empresa que conta com a expertise de Mayana Zatz é a Vyro Biotherapeutics, que usa o zika vírus – o mesmo que causa anencefalia em fetos – para combater tumores cerebrais. Os testes já foram bem sucedidos em camundongos e em cães.
Além da defasagem do setor, um dos principais desafios causados pela falta de investimento em ciência é a perda de grandes talentos brasileiros, que vão para países onde há grande fomento na área, e não voltam mais. Uma saída para essa “trágica debandada de cientistas”, como define Mayana, está nas startups. “O ecossistema empreendedor no Brasil é muito inteligente, tem muito potencial. A minha grande preocupação é segurar os jovens no Brasil. Eles vão pros EUA e não voltam mais. As startups são uma maneira de dar um salário para esses jovens e segurá-los no Brasil”, diz.
Por enquanto, a cientista investe seu tempo e pesquisa nessas duas empresas, mas garante que está aberta para participar do board de outras startups que estejam revolucionando a ciência. “Eu sou como uma criança brincando em uma loja de brinquedos. Se tem uma startup que chama a minha curiosidade, eu quero me envolver”, garante.
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