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Empresas que não aderiram ao home office passam por desafios na hora de contratar

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Empresas que não aderiram ao home office passam por desafios na hora de contratar

Empresas estão com dificuldade para reter talentos após as mudanças nas dinâmicas de trabalho que o mercado enfrentou no pós-pandemia. O modelo remoto, antes raramente adotado, foi imposto por necessidade e trouxe novas percepções sobre produtividade e bem-estar. Agora, quase cinco anos após o início da crise sanitária e humanitária, trabalhadores enfrentam a exigência de retorno aos escritórios, situação que gera desconforto em um mercado acostumado ao trabalho remoto e híbrido.

O relatório “State of Hybrid Work” da Owl Labs revela dados alarmantes sobre a insatisfação com o modelo 100% presencial, indicando que cerca de 27% dos trabalhadores buscam novas oportunidades devido às políticas de retorno ao escritório. A pesquisa mostra que 27% dos trabalhadores nos Estados Unidos atuam no modelo híbrido, enquanto 11% permanecem em regime remoto.

Entre os que trabalham presencialmente, 50% acreditam que a presença física é exigida para justificar a ocupação de escritórios, indicando uma percepção de desvalorização do trabalho remoto. Esse cenário se reflete no aumento da busca por novas vagas, especialmente entre aqueles cujas empresas alteraram políticas de trabalho flexível recentemente.

A fundadora da empresa de desenvolvimento de líderes QUARE, Carolina Valle Schrubbe, explica que muitas empresas subestimam os benefícios do modelo remoto e enfrentam dificuldades para entender as mudanças no mercado de trabalho. “Durante a pandemia, tivemos a oportunidade de experimentar o trabalho remoto, e muitos perceberam vantagens significativas, como o aumento da qualidade de vida e da produtividade”, comenta.

Segundo ela, as empresas que insistem no retorno integral precisam avaliar se a presença física realmente agrega à produtividade e, caso positivo, oferecer compensações financeiras e condições de trabalho atrativas. Além das dificuldades para manter talentos, o retorno integral ao escritório revelou novos desafios relacionados ao bem-estar dos trabalhadores.

A pesquisa aponta que os gestores enfrentam uma carga emocional 55% maior do que outros profissionais, devido às demandas do modelo presencial. Mesmo assim, 62% dos gestores acreditam que suas equipes são mais produtivas em modelos híbridos ou remotos, embora essa percepção tenha caído em relação ao ano anterior, quando o índice era de 79%.

Para atrair profissionais de volta ao escritório, benefícios superficiais já não são suficientes. Segundo o estudo, em 2024, 91% dos trabalhadores afirmaram que poderiam considerar o retorno presencial desde que a empresa ofereça condições significativas, como aumento salarial, trajetos mais curtos até o local de trabalho e ambientes mais privativos. Esses aspectos refletem uma mudança cultural em que o equilíbrio entre vida pessoal e trabalho é valorizado.

A resistência à cultura de dedicação total ao trabalho também se fortaleceu. Aproximadamente 22% dos profissionais estabeleceram limites claros para evitar atividades fora de suas atribuições, enquanto 20% não respondem a comunicações corporativas após o expediente. Para Carolina, essa mudança exige uma abordagem estratégica das empresas. “Flexibilidade não é mais um diferencial, mas uma necessidade. Ignorar essa realidade aumenta a rotatividade e prejudica o engajamento”, ressalta.

Impacto econômico e desafios de retenção

Outro aspecto importante para os trabalhadores é o custo do trabalho presencial. Segundo o levantamento, profissionais híbridos gastam em média US$ 61 por dia no trabalho no escritório, 20% superior ao de 2023. Em comparação, o custo diário do trabalho remoto aumentou de US$ 15 para US$ 19. Esse aumento de despesas para os trabalhadores é um dos motivos para a busca por salários mais altos ou maior flexibilidade.

As empresas, por sua vez, enfrentam o desafio de manter profissionais satisfeitos sem comprometer o orçamento. Carolina aponta que, além dos custos diretos de manter colaboradores no escritório, a rotatividade de pessoal, gera gastos adicionais com recrutamento, treinamento e adaptação de novos funcionários, impactando a produtividade durante o período de integração.

Diante das mudanças tecnológicas e culturais, o modelo tradicional de trabalho no escritório não parece mais atender às necessidades de muitos profissionais. A adoção de modelos flexíveis tem se tornado fundamental para que empresas mantenham produtividade e satisfação das equipes.

“Flexibilidade permite que o colaborador adapte seu trabalho ao estilo de vida, o que pode gerar maior satisfação e produtividade. Afinal, qual é o maior ganho para a empresa? A presença física ou o engajamento e dedicação do profissional, seja onde estiver?”, questiona Carolina.


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