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Sem investimento em sustentabilidade, o futuro da IA e do planeta pode estar em risco

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Sem investimento em sustentabilidade, o futuro da IA e do planeta pode estar em risco

*Por Gustavo Caetano

Não é novidade que a inteligência artificial está transformando completamente o presente e o futuro da humanidade em um ritmo acelerado. Presente em praticamente todos os setores, a tecnologia se tornou a principal aliada do mercado, impulsionando negócios e abrindo novas oportunidades. Porém, enquanto celebramos o impacto positivo que a IA pode ter em nossas vidas, é fundamental também olharmos para um aspecto menos comentado dessa transformação: seu impacto ambiental. O funcionamento da IA depende de um alto consumo energético e de outros recursos, como água, o que levanta um alerta sobre sua sustentabilidade.

De acordo com o relatório “Developing Sustainable Gen AI”, realizado pela consultoria Capgemini com 12 setores da economia e em 15 países, incluindo o Brasil, as empresas ainda enfrentam dificuldades para medir o impacto ambiental gerado pelos modelos de IA generativa. Cerca de 48% dos entrevistados acreditam que o uso de IA aumentou as emissões de gases de efeito estufa, enquanto apenas 12% das empresas que utilizam a tecnologia declararam que monitoram sua pegada ambiental. Além disso, 38% afirmaram estar cientes desse impacto, mas sem métricas concretas para avaliá-lo.

O estudo também aponta que as empresas que hoje mensuram as emissões de carbono da IA generativa preveem que a porcentagem de emissões causadas por essa tecnologia crescerá, em média, de 2,6% para 4,8% do total nos próximos dois anos. Esses dados são preocupantes e indicam que, sem investimentos sérios em sustentabilidade, o avanço desenfreado da IA pode representar um risco para o futuro do planeta.

Treinar um único modelo de linguagem de grande escala, como o GPT, pode gerar uma emissão de dióxido de carbono (CO₂) equivalente à de cinco carros ao longo de toda a sua vida útil, segundo pesquisadores da Universidade de Massachusetts Amherst. Já um estudo do Google e da Universidade da Califórnia mostrou que o treinamento do GPT-3 resultou em 552 toneladas métricas de emissões de carbono, o equivalente a dirigir um carro de passeio por dois milhões de quilômetros.

Portanto, visto que a crescente demanda por poder computacional exige mais energia e recursos naturais, é imprescindível o investimento em infraestrutura de IA sustentável. Algumas empresas já estão tomando medidas nesse sentido, como a própria Microsoft, que se comprometeu a ser carbono negativa até 2030, investindo em infraestrutura de nuvem alimentada por energias limpas. Além disso, políticas públicas e incentivos governamentais são fundamentais para fomentar práticas sustentáveis na indústria da tecnologia.

Diante desse cenário, os agentes de IA também surgem como uma solução estratégica para equilibrar inovação e sustentabilidade. Diferente dos modelos tradicionais que apenas fornecem respostas e insights, eles são capazes de automatizar processos de forma inteligente, otimizando o uso de recursos e reduzindo desperdícios.

Sabemos que é totalmente possível aliar inovação tecnológica a práticas sustentáveis, criando modelos de negócio que se preocupam com o impacto ambiental sem comprometer o crescimento econômico. O compromisso das empresas que lideram a inovação em IA precisa ir além da eficiência operacional e incluir uma visão clara de sustentabilidade.

A IA tem o potencial de resolver alguns dos maiores desafios ambientais da humanidade, como o monitoramento de mudanças climáticas, a gestão de recursos naturais e o desenvolvimento de cidades inteligentes. Porém, para alcançar esse potencial, precisamos garantir que as práticas usadas para desenvolvê-la não façam parte do problema, mas sim da solução.

*Gustavo Caetano é CEO e fundador da Samba


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