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O papel das startups de impacto social na construção de cidades mais inteligentes e sustentáveis
*Por Fernanda Konradt de Campos
As cidades enfrentam desafios complexos como congestionamentos, desigualdade social e impactos ambientais, o que torna a busca por soluções inovadoras e sustentáveis cada vez mais urgentes. E nesse cenário, startups de impacto social, especialmente as govtechs e civic techs, emergem como protagonistas na construção de cidades mais inteligentes e inclusivas.
O setor das startups voltadas para o impacto social registrou um crescimento recorde nos últimos anos, especialmente no mercado de investimentos. O Brasil, segundo o estudo Mapa GovTech de 2024, no setor de govtechs e civictechs é o quarto país da América do Sul com a melhor oferta de serviços públicos digitais, o que proporciona um ambiente favorável para o desenvolvimento de parcerias público-privadas, atração de investimentos e criação de novos instrumentos para facilitar a aplicação de inovações no setor público. O estudo estima que, neste ano, o investimento público em govtechs no Brasil ultrapassará a marca de R$60 milhões.
O crescimento do setor e o aumento do protagonismo das empresas brasileiras, estão diretamente ligados a fatores como a emergência climática, a busca pela sustentabilidade e a maior conscientização sobre questões socioambientais. E todo esse contexto reforça a urgência da demanda por transparência e responsabilidade social, que também tem impulsionado tanto consumidores quanto investidores a apoiar soluções que promovem impacto positivo.
No Brasil, startups conhecidas como govtechs, que desenvolvem soluções para atender o setor público, desempenham um papel social importante na busca por soluções inovadoras e enfrentam desafios específicos. Um dos principais é o de que a agenda de inovação nem sempre é priorizada diante de outras pautas urgentes como saúde, educação e segurança pública. Entre os obstáculos, destacam-se também o longo ciclo de vendas para o governo, que pode comprometer a sustentabilidade financeira da startup, e a cultura de inovação ainda incipiente no setor público, que muitas vezes se mantém preso a processos tradicionais.
Embora com alguns aspectos desfavoráveis, uma mudança importante nesse cenário foi a implementação do Marco Legal das Startups em 2021, que trouxe benefícios significativos para govtechs e civic techs. A legislação facilitou o desenvolvimento de novas tecnologias, possibilitando a experimentação de inovações sem a necessidade imediata de cumprir todas as regulações tradicionais. Isso trouxe maior segurança jurídica para investidores, além de permitir que o Estado contrate soluções inovadoras diretamente, o que abre espaço para a expansão das startups no setor público.
Neste cenário, tecnologias emergentes, como inteligência artificial, blockchain, realidade aumentada e Internet das Coisas (IoT), têm se mostrado fundamentais para a evolução das soluções promovidas pelas startups de impacto social. Tais ferramentas permitem que os empreendedores criem soluções escaláveis para problemas complexos, como a vulnerabilidade social e a emergência climática, com maior eficiência e menor custo.
No processo de construção das cidades inteligentes é preciso incluir um olhar atento às pautas sociais, estimulando o desenvolvimento de govtechs e civic techs que são essenciais nesse processo.. A startup Super Nina, focada na coleta de evidências sobre assédio sexual no transporte público, é um exemplo de empresa que cumpre um papel social e que conseguiu alçar novos patamares do negócio por meio de programas de aceleração.
Em 2022 ela passou pela mentoria do CitzTech, iniciativa voltada à empresas que promovem a cidadania por meio da tecnologia, e neste mês sua CEO foi a vencedora do Prêmio Empreendedor Social na categoria ‘Soluções que inspiram’ tornando a empresa uma referência para o segmento.
Para quem deseja criar uma govtech ou civic tech, o primeiro passo é identificar um problema relevante e desenvolver uma solução inovadora que possa ser aplicada no setor público. O processo é semelhante ao de uma startup tradicional, mas com foco no impacto social e nas particularidades do mercado B2G (business to government).
O caminho para cidades mais inteligentes e sustentáveis passa pela inovação social. Startups de impacto, com suas soluções criativas e tecnológicas, têm o potencial de transformar a realidade urbana, tornando-a mais eficiente, inclusiva e resiliente. É hora de apoiar e investir nessas iniciativas, construindo um futuro em que a tecnologia e o empreendedorismo social caminhem juntos em prol do bem comum.
*Fernanda Konradt de Campos é diretora executiva do Centro de Empreendedorismo Inovador da CERTI.
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