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Por que as APIs são a chave para o Brasil liderar a revolução da IA na América Latina?

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Por que as APIs são a chave para o Brasil liderar a revolução da IA na América Latina?

*Por Filippo Di Cesare

A América Latina presencia uma efervescência tecnológica impulsionada pela Inteligência Artificial (IA), e o Brasil emerge como um forte candidato a liderar essa revolução. Com um mercado digital robusto, um ecossistema de startups vibrante e um crescente apetite por inovação, o país possui os ingredientes necessários para se destacar no cenário da IA regional. No meio desse potencial, reside um elemento fundamental: as APIs. O mercado global de APIs deve saltar para US$ 35,4 bilhões até 2031, com um crescimento médio anual de 30,2%, segundo a The Insight Partners. Essas tecnologias atuam como a espinha dorsal da economia digital, orquestrando a comunicação entre sistemas, dados e serviços de maneira eficiente.  

No contexto da IA, essa conectividade é vital. Elas democratizam o acesso a modelos avançados, facilitam o uso de vastos conjuntos de dados para treinamento e inferência, e permitem a incorporação de funcionalidades inteligentes em aplicações existentes. Ao abstrair a complexidade da implementação da IA, as APIs tornam a tecnologia acessível a um leque maior de empresas e desenvolvedores, até mesmo aqueles sem expertise profunda em machine learning.

Superando as barreiras 

Hoje a jornada de adoção da inteligência artificial no Brasil enfrenta desafios que vão além da tecnologia. A escassez de talentos especializados, os custos de infraestrutura e a complexidade da integração de dados são obstáculos significativos. Para escalar os projetos de IA e sair do ciclo de Provas de Conceito (POCs), é preciso uma transformação profunda do modo de operar e pensar, e sim, a adoção generalizada da IA nas nossas empresas exige bem mais do que apenas a implementação de APIs e a superação de barreiras técnicas; ela requer uma transformação organizacional que abranja cultura, processos, talentos e tecnologia.  Um dos maiores gargalos reside na incapacidade de construir um modelo organizacional coeso que sustente a escalabilidade da IA, apoiado em três pilares: dados de qualidade, talentos capacitados e alinhamento estratégico com o negócio. 

Sem uma base organizacional sólida, o potencial da Inteligência Artificial permanecerá subutilizado. A escalabilidade e a adoção em larga escala exigem foco na governança da informação (a IA é movida a dados, crucial estabelecer processos de coleta, armazenamento e gestão de dados robustos e centralizados) desenvolvimento de profissionais com visão estratégica (escalar a IA requer uma visão estratégica da liderança e a capacidade de identificar casos de uso de alto valor, além de atrair, desenvolver e reter talentos com as habilidades certas em IA) e alinhamento das iniciativas de IA com as diretrizes da empresa (muitas POCs de IA falham em escalar porque não estão alinhadas com os objetivos estratégicos da empresa ou não entregam valor de negócio de forma clara.

A liderança da empresa deve articular uma visão clara para a adoção da IA definindo prioridades estratégicas, identificando áreas de maior potencial de impacto e comunicando essa visão a toda a organização. As iniciativas de IA devem ser tratadas como programas estratégicos, com métricas de sucesso claras e alinhadas aos objetivos de negócio). Sem esses pilares bem estabelecidos, as empresas brasileiras continuarão presas ao ciclo de POCs, sem conseguir colher os benefícios transformadores da IA em toda sua plenitude. 

Um mercado em busca de inteligência conectada 

O Brasil, impulsionado por sua economia digital dinâmica e pela busca constante por inovação, já se destaca como um dos maiores consumidores de APIS na América Latina para viabilizar o acesso e a implementação de soluções de IA de diversas maneiras. Segundo a IDC, os investimentos em soluções de IA e automação devem ultrapassar US$1,1 bilhão em 2025. A entidade estima ainda que o mercado de IA e Automação irá crescer significativamente nos próximos anos.  

Setores como financeiro, varejo e telecomunicações estão explorando a integração entre APIs e IA, uma vez que precisam otimizar processos, aprimorar a experiência do cliente e criar novos produtos e serviços. Essa combinação estratégica tem o poder de impulsionar a produtividade e a inovação da IA em escala nacional. 

A automação de tarefas, otimização de processos e a tomada de decisões mais inteligentes, possibilitadas pela análise de dados integrados via APIs, elevam a eficiência operacional. Simultaneamente, a facilidade de combinar diferentes funcionalidades e a inteligência da IA, expande as fronteiras da criação de produtos e serviços inovadores. 

O futuro para uma liderança brasileira 

Outras tecnologias emergentes, reforçam o protagonismo do Brasil no cenário latino-americano de IA com APIs: como a Computação em Nuvem, o avanço da IA Generativa, a IoT, as arquiteturas de Microsserviços e o avanço, também, do Open Finance (open data), reforçam o potencial do Brasil como líder nessas tecnologias na América Latina. Segundo o estudo Distributed Gateway Actors: Evolving APIs Management, da F5, o país ocupa a terceira posição mundial no consumo de APIs, atrás apenas da Índia e dos Estados Unidos. 

Além disso, a Grand View Research apontou que o Brasil conquistará crescimento médio anual de 15,5%, acima da média regional, passando de US$ 13,56 bilhões (2023) para US$ 37,25 bilhões em 2030. As APIs são a infraestrutura essencial para a revolução da Inteligência Artificial, mas a liderança regional dependerá da capacidade de construir organizações preparadas para escalar essa tecnologia. 

Isso exige um compromisso com a qualidade e a governança dos dados, o desenvolvimento de talentos especializados e, fundamentalmente, um alinhamento estratégico que coloque a IA no centro da criação de valor para os negócios. Ao superar os desafios organizacionais e aproveitar o poder das APIs, o Brasil pode consolidar sua posição como protagonista na era da Inteligência Artificial da América Latina. 

*Filippo Di Cesare é CEO LATAM do grupo Engineering, companhia global de Tecnologia da Informação e Consultoria especializada em Transformação Digital. Formado em Ciências Econômicas e Estatísticas pela Universidade de Bolonha, na Itália, o executivo atua há mais de duas décadas nas áreas de estratégia e operação digital e já liderou projetos nos principais players do mercado, como TIM, Claro, Sabesp, Eletrobras, Nestlé, Volvo e Pfizer, entre outros.


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