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Tecnologia brasileira automatiza cobrança de planos de saúde e entra no plano nacional de IA
Uma ferramenta de inteligência artificial desenvolvida por uma empresa nacional está ajudando a transformar a forma como o sistema público de saúde lida com um dos seus principais desafios regulatórios: a cobrança de operadoras privadas por atendimentos realizados pelo SUS. A solução, chamada IARA, foi criada pela desenvolvedora Paipe e foi selecionada para o programa federal “IA para o Bem de Todos”, que apoia tecnologias aplicadas à gestão pública com metas até 2028.
O projeto IARA (Inteligência Artificial no Ressarcimento ao SUS) automatiza a análise de impugnações apresentadas por planos de saúde notificados a reembolsar o atendimento de beneficiários em unidades públicas. Até então, esse trabalho era feito de forma manual por equipes técnicas da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o que gerava lentidão, custos elevados e risco de falhas operacionais. Com a nova tecnologia, o processo é automatizado e passa a seguir critérios padronizados.
O sistema foi selecionado em chamada pública organizada pela Finep, com apoio da Enap e articulação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) junto ao Ministério da Gestão e Inovação. A proposta da Paipe se destacou entre as candidatas pelo potencial de gerar impacto imediato na arrecadação e nos mecanismos de controle da saúde suplementar.
Segundo Marcelo Dannus, CEO da empresa, a aplicação da inteligência artificial reduz o tempo de resposta às operadoras, melhora a consistência da análise técnica e diminui o número de casos que exigem reprocessamento. “Com a ANS, conseguimos demonstrar como a automação pode reforçar o papel regulador do Estado e gerar retorno para o sistema público”, afirma o executivo.
O funcionamento da plataforma envolve leitura automatizada de arquivos em PDF, verificação de vínculos contratuais e classificação de justificativas apresentadas por operadoras. A IA é treinada para identificar padrões, organizar informações e indicar as impugnações que exigem intervenção humana. As demais seguem para encaminhamento automático. A tecnologia combina Processamento de Linguagem Natural e Visão Computacional, com hospedagem em ambiente seguro de nuvem.
Embora o impacto direto recaia sobre a gestão pública, os efeitos também alcançam o cidadão. A cobrança mais eficiente das operadoras aumenta os repasses ao SUS, contribuindo para ampliar o financiamento dos serviços. Além disso, o uso da inteligência artificial torna o processo mais transparente e ajuda a evitar distorções nas relações entre planos de saúde e seus usuários. Para Dannus, esse tipo de solução ajuda a equilibrar a atuação entre os setores público e privado, gerando um sistema mais justo.
O desenvolvimento da ferramenta contou com apoio financeiro da Finep, e parceria técnica com a Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). A empresa afirma que os dados pessoais e médicos processados pelo sistema seguem rigorosamente a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), com anonimização, criptografia, controle de acesso e supervisão contínua.
Apesar da automação, o sistema não toma decisões finais. Ele atua como filtro para acelerar etapas e reduzir o volume de análises manuais, mantendo a avaliação humana nos casos com maior complexidade. Todas as sugestões geradas são registradas, garantindo rastreabilidade e possibilidade de auditoria.
Atualmente, o projeto encontra-se na fase de homologação de APIs nos sistemas internos da ANS. A expectativa é que, entre agosto e setembro, a integração esteja concluída e a plataforma passe a operar oficialmente. Com isso, os primeiros relatórios de impacto e economia deverão ser divulgados até o fim do ano.
A experiência com o IARA também abriu espaço para a expansão da tecnologia. A Paipe já iniciou conversas com outros órgãos interessados em automatizar processos semelhantes. A meta é adaptar a solução para diferentes áreas da administração pública e explorar usos em setores privados com necessidades de auditoria ou compliance.
A inclusão no plano “IA para o Bem de Todos” também ampliou a visibilidade da empresa, atraindo interesse de investidores e fortalecendo sua atuação no ecossistema de inovação. Segundo Dannus, a expectativa é que o reconhecimento traga novas parcerias e amplie a aplicação da tecnologia em larga escala. “Nossa ideia é seguir desenvolvendo soluções que dialoguem com políticas públicas. A tecnologia deve contribuir para melhorar serviços e ampliar o alcance da gestão pública”, conclui.
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