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Trabalho remoto com a Europa cresce e revela diferenças na cultura profissional

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Trabalho remoto com a Europa cresce e revela diferenças na cultura profissional

O avanço da digitalização impulsionou a internacionalização do trabalho remoto, e o Brasil aparece hoje entre os maiores exportadores de mão de obra para empresas estrangeiras. De acordo com o Relatório Global de Contratações Internacionais 2024, elaborado pela Deel, o país ocupa a quinta posição no ranking mundial de profissionais contratados por companhias internacionais. O crescimento foi de 53% em um ano, refletindo uma movimentação relevante no mercado de tecnologia e serviços.

A possibilidade de atuar para empresas localizadas fora do território nacional, sem sair de casa, atrai profissionais em busca de melhores condições contratuais, remuneração mais alta e maior exposição internacional. No entanto, essa transição envolve ajustes práticos e culturais. Segundo Eduardo Garay, CEO da TechFX plataforma de câmbio especializada em profissionais com atuação no exterior, trabalhar para organizações europeias requer adaptações no comportamento corporativo e na dinâmica profissional.

Um dos aspectos centrais está na remuneração. Em muitos casos, os brasileiros recebem em moedas fortes como euro e dólar. Segundo o Brazilian Global Salary, levantamento feito pela TechFX, profissionais brasileiros que atuam para empresas internacionais chegam a ganhar, em média, até 160% a mais do que seus pares em posições equivalentes no mercado nacional. O valor mais alto está diretamente relacionado à valorização cambial e ao poder aquisitivo dessas moedas frente ao real.

A diferença vai além da conversão financeira. As métricas de desempenho também são distintas. Enquanto no Brasil a produtividade costuma ser medida com base nas horas registradas, empresas europeias concentram-se no resultado. O que importa é a entrega, não o tempo online. Isso exige maior organização individual, capacidade de planejamento e foco em metas bem definidas. Garay destaca que esse modelo favorece a autonomia e permite avanços mais ágeis, com ênfase na qualidade do trabalho.

Outro ponto de atenção é a separação entre vida pessoal e ambiente corporativo. Na Europa, o expediente costuma ter um início e fim claros. Contatos fora do horário formal de trabalho são incomuns, inclusive durante feriados e finais de semana. Além disso, as regras sobre férias oferecem mais liberdade de distribuição ao longo do ano, o que permite pausas mais frequentes, mesmo que curtas. Essa fronteira delimitada contribui para a manutenção de um ritmo saudável, algo valorizado pelas empresas do bloco europeu.

A carga horária também tende a ser menor. No Brasil, a média gira em torno de 44 horas semanais. Já em países como Portugal, Espanha, Suíça, Escócia e Alemanha, a jornada fica entre 35 e 40 horas. Algumas nações avaliam modelos de quatro dias por semana, com manutenção dos níveis de produtividade. Segundo Garay, a redução de horas pode aumentar o desempenho ao reduzir o cansaço acumulado e melhorar a capacidade de concentração.

A comunicação dentro das equipes também apresenta variações. Enquanto o Brasil adota um estilo mais informal, marcado por interações sociais mesmo durante reuniões, as empresas europeias tendem a ser mais objetivas. O diálogo é direto, com foco no conteúdo técnico. Esse formato reduz ambiguidades e acelera decisões, mas pode parecer seco ou impessoal para quem está habituado a relações mais interpessoais. Garay recomenda atenção a essas diferenças, sobretudo no início da integração a novos times.

Apesar dos contrastes, o executivo alerta que não se trata de um padrão fixo. Há diferenças internas significativas entre os países europeus, além de variações conforme setor, cultura organizacional e perfil dos gestores. O mesmo vale para o Brasil, que abriga realidades empresariais bastante diversas. Por isso, conhecer o contexto específico de cada organização antes de assumir um posto internacional é essencial para garantir uma transição tranquila.

O trabalho remoto internacional representa uma tendência irreversível e, para muitos brasileiros, uma oportunidade de crescimento profissional e financeiro. Ao compreender as dinâmicas de outras culturas, adaptar expectativas e buscar alinhamento com novos modelos operacionais, os profissionais aumentam suas chances de sucesso em um mercado cada vez mais globalizado.


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O post Trabalho remoto com a Europa cresce e revela diferenças na cultura profissional aparece primeiro em Startupi e foi escrito por Tiago Souza



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