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Tokenização de contratos em blockchain altera conciliação de crédito no Brasil

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Tokenização de contratos em blockchain altera conciliação de crédito no Brasil

A digitalização de contratos por meio de blockchain começa a mudar a dinâmica da conciliação de crédito no país. A estratégia, conduzida pela startup Mannah em parceria com a Hathor Network, mostra que a tokenização pode aumentar a escala de processamento, cortar gastos operacionais e antecipar prazos de liquidação, afetando diretamente instituições financeiras e fundos de investimento.

Nos primeiros testes, a solução ampliou em cinco vezes o volume mensal de contratos conciliados, passando de R$ 19 milhões para R$ 95 milhões sem aumento de quadro funcional ou extensão de calendário. Ao mesmo tempo, o custo operacional, estimado em R$ 83,3 mil em modelos manuais, caiu para R$ 29,8 mil, queda de 64%.

O impacto também atingiu o capital de giro das instituições. Com liquidações até oito dias úteis antes do padrão anterior, a economia de capital foi calculada em aproximadamente R$ 360 mil por mês. Outro efeito foi a redução das inconsistências documentais: erros que alcançavam até 12% dos registros ficaram abaixo de 1% após a automação de validações e padronização de formatos.

O cálculo por escala reforça o ganho de eficiência. O custo por R$ 1 milhão processado, que rondava R$ 4.386, passou a variar entre R$ 937 e R$ 1.568, dependendo do volume total conciliado. Esse movimento reflete tanto a automação quanto a eliminação de conferências manuais.

Segundo Pedro Xavier, CEO da Mannah, a proposta é transformar contratos em ativos digitais rastreáveis. “O token garante registro imutável e reduz atritos em operações financeiras”, afirma. Na prática, cada documento passa a existir como um token único registrado na blockchain Hathor, mecanismo que permite auditabilidade e integridade de ponta a ponta, do recebimento ao pagamento.

A tecnologia empregada descarta etapas tradicionais de checagem humana. Arquivos de diferentes origens são automaticamente organizados, validados e integrados na plataforma. Isso reduz riscos jurídicos, simplifica rotinas e melhora a segurança operacional do ciclo financeiro.

Para Yan Martins, CEO da Hathor Network, o avanço representa a aplicação direta de infraestrutura blockchain nacional. “O sistema foi desenvolvido para ser escalável e acessível, possibilitando ganhos de eficiência em larga escala”, afirma.

A experiência recente da Mannah reforça a aposta. Em 2023, a empresa participou da maior operação de tokenização de ativos reais já realizada na América Latina, ao lado da Acura Capital e da própria Hathor. A iniciativa estruturou R$ 1 bilhão em precatórios do Estado do Maranhão, consolidando capacidade técnica e credibilidade para novos usos.

O passo seguinte é levar a tokenização ao mercado de crédito. A empresa prepara a expansão do modelo para diferentes instrumentos, de consignados a Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs). A estratégia prevê ainda o desenvolvimento dos chamados TIDCs (Tokenized Investment Debt Certificates), certificados digitais que pretendem padronizar e viabilizar a negociação de dívidas tokenizadas no sistema financeiro.

A proposta dos TIDCs é ampliar transparência, reduzir custos e garantir rastreabilidade em estruturas complexas, como fundos e carteiras de recebíveis. Caso ganhem escala, podem alterar a forma como instituições estruturam, conciliam e liquidam contratos no país.


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O post Tokenização de contratos em blockchain altera conciliação de crédito no Brasil aparece primeiro em Startupi e foi escrito por Tiago Souza



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