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Prejuízos no RS: como organizar o plano de reconstrução do estado?
* Por Wanderson Leite
Devastador e desesperador. O custo para construção do RS já chegou à estimativa dos R$ 19 bilhões a médio e longo prazo, segundo dados do governo local, o que pode ser ainda maior com novas previsões de chuvas no estado. Mesmo que, neste momento, seja extremamente complexo prever uma volta à normalidade diante de tantas destruições que ainda precisam ser avaliadas, existem certos aspectos que devem ser levados em consideração, desde já, para que a união de forças em prol desta causa seja aplicada com assertividade para a habitação destas vítimas.
Sempre, depois de grandes tragédias, é usual observar uma série de oportunidades a serem exploradas a favor da recuperação do que, supostamente, foi perdido. No caso do Rio Grande do Sul, apesar de, hoje, não haver muito o que ser feito até o cessar das chuvas, já notamos uma mobilização nacional da sociedade, governo e empresas em uma força tarefa visando o abrigo destas vítimas e, posteriormente, reconstrução de suas moradias.
Em dados da Prospecta Obras, startup de construção civil que fornece informações completas sobre todas as obras em andamento no país através de um algoritmo de inteligência artificial, o sul do Brasil é a segunda maior região em termos de construção. Apenas de que no RS, existiam cerca de 79 mil obras mapeadas em andamento, das quais 90% foram afetadas pela tragédia, os prejuízos poderão aumentar ainda mais nas próximas semanas, o que exige um planejamento muito cuidadoso pensando nos próximos passos a serem tomados.
Planejamento para reconstrução do RS
Uma vez normalizada a chuva, será preciso pensar em soluções práticas, rápidas e seguras para a reconstrução dos empreendimentos, de forma que se tornem mais aptas a suportar certos desastres naturais fora de nosso controle. Na Flórida, nos Estados Unidos, como exemplo, existem os chamados “prédios anti-furacão”, os quais são feitos com uma estrutura especial capaz de suportar a força dos ventos que, no estado, se tornam frequentes de serem vistos.
No Brasil, a mesma premissa precisa ser adotada, buscando por soluções inteligentes que se adaptem à realidade local para evitar danos severos em casos destes acontecimentos – tais como construções pré-moldadas que facilitem a agilizar este processo com segurança e eficiência. Junto a isso, é preciso priorizar o reaproveitamento dos materiais, visando reduzir, ao máximo, o descarte e custo destes projetos diante de um cenário econômico já abalado.
Essas opções devem ser cogitadas conforme cada caso, afinal, cada construção precisará ser avaliada individualmente pela defesa civil, engenheiros e profissionais da fiscalização, entendendo se a moradia ainda é estável e segura para habitação. Caso sua estrutura tenha sido afetada, é preciso compreender este grau para que, com isso, determinem qual o melhor procedimento a ser seguido – seja pela demolição total perante uma reconstrução do zero, ou se será possível aproveitar parte da estrutura para aplicar os ajustes pontuais necessários.
Em termos de mão de obra, as empresas do setor devem direcionar seus esforços para atrair e qualificar seus profissionais para que consigam unir forças para que essa reconstrução ocorra o mais rápido possível. Apesar deste ser um desafio para a construção civil, visto que o segmento enfrenta um déficit de talentos jovens ingressando na área, é uma oportunidade intensificar a contratação de outros estados, uma vez que o estado precisará da maior quantidade possível de pessoas aptas a ajudar neste processo.
Ainda temos um longo caminho pela frente e, é difícil estimar um tempo para que as pessoas voltem a ter seus lares em bom estado de moradia. Agora, é momento de aguardar até que as chuvas encerrem para que, depois, seja possível avaliar e fiscalizar as obras e direcionar esforços para a reconstrução destes lares e empreendimentos.
* Wanderson Leite é fundador do EuConstruindo.com
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